estou em coma. mas não desses de aparelho e respiração pelas veias. minhas veias, estas não respiram, nem aguentam o terrível soro. meu coma é algo além, é de dentro pra fora, como todos os comas, mas também induzido, Avc. Acidente Vascular Cerebral? Corporal? Cardíaco. Coma, apenas, sem mais porquê, porque não existe a explicação de inércia. Minha cama, esta onde eu deito agora, fui eu quem montei, e quem bateu com a cabeça na parede fui eu. Não é disso que falo, não é de clínica geral, nem de braços entupidos de tubos, de nariz obstruído. Falo de coma como opção. Me fechei, e agora me limpo. Tomo uns vinte banhos, pra sentir minhas impurezas saindo. A minha parte preferida são as sinuzites, quando sangra o nariz, com catarro e coágulos. Nos coágulos eu vejo um pouco do que está podre saindo. Oh, meu doce coma, quando sair, quero sair limpo. Quero aprender a falar! Quero andar outra vez. Não tenho ânimo, minha cama é a mais tenra. A privada, meu travesseiro, quando quero sentir-me limpo, limpo, limpo. Doce coma, coma-me. Até que a nossa preguiça seja catalizadora, e conduza meu sangue ruim pra fora.
que conduza minhas veias pra fora.
que conduza-me todo pra fora
de minha cela encerrada.
que conduza minhas veias pra fora.
que conduza-me todo pra fora
de minha cela encerrada.


3 Comments:
fantástico!
tu é muito bom, catto!!
muito!!!
ah querido...indeciso o eu do texto. ALguém tão conscien te da passividade nao se banharia tanto em busca dessa limpeza que a água não pode dar. Alguém assim conformado não sangraria e expeliria com tanto gosto o que está por dentro. Vícios de um maldito, bem vindo ao clube ;)
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