Tuesday, December 26, 2006

como me pedir para manter a calma?
quando a calma que eu encontro é mais além
a calma que me pedes é uma boca
e o molhar dessa saliva
profanando o que há de santo em mim
como me pedir pra deixar teu quarto em paz
quando teu quarto é o templo onde eu ergui
pra ti um monumento ao teu prazer
e fiz dessas paredes
nosso escândalo, nosso mapa
nosso vão receptáculo
de tanto arfar,
de tanto corpo que eu deixei vazar
pelas entranhas do teu travesseiro
tua coberta ainda tem a mim
escancarado, abertos os olhos
nos teus olhos, os meus
sempre molhados pela brisa que transpiras
como me pedir para centrar minha atenção nas coisas boas?
se as coisas boas são saudades e saudades o que são
senão eu, um extremo, um telefone
e você dizendo "calma, amor"

Monday, December 25, 2006

















até, amor


até, amor. derramo essas palavras
com o peso de mil toneladas
que pesa minha língua pra dizer
até, amor
não sei quando te vejo,
se é que vejo
vou guardar de ti, um beijo
na frente do portão
depois de ti
o túnel de copacabana não é mais o mesmo
e a sentença das semanas me assola
vem pra mim, e me diz que me ama com tuas mãos
me promete que o teu vagão já tem hora pra voltar
até lá, amor, te deixo no tecido
um abraço umedecido
das minhas lágrimas que caem
se pudesse, ia escondido, mas não posso
então ensaio baixo
um até, amor
que não sai.